Casos de feminicídio crescem 17,5% no Paraná durante a pandemia
03/06/2020 07:21 em Novidades

Os casos de feminicídio, ou seja, o assassinato de uma mulher cometido devido ao desprezo que o autor do crime sente quanto à identidade de gênero da vítima, registrou uma alta expressiva em meio à pandemia do novo coronavírus. O crescimento, revelam dados do Ministério Público do Paraná (MPPR), foi de 17,5% na comparação entre março e abril deste ano e os mesmos meses do ano passado, passando de 40 para 47 casos.

Apenas em março foram registrados 20 feminicídios no estado, mesmo número do terceiro mês do ano anterior. Vale a lembrança, contudo, de que as medidas de distanciamento e isolamento social passaram a ser recomendadas e decretadas já na metade final daquele mês.

Já em abril, o primeiro mês cheio com os paranaenses convivendo com o novo coronavírus, o salto de casos foi expressivo, com 27 registros em 2020 contra 20 casos no mesmo mês de 2019. Dessa forma, considerando-se apenas o mês de abril, o crescimento no número de registros foi de 35% na comparação de um ano com o outro. No acumulado dos dois meses, temos o avanço de 17,5%.

Não é só o Paraná, entretanto, que está tendo de lidar com essa crescente. Em relatório produzido a pedido do Banco Mundial, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) registrou aumento de 22,2%, entre março e abril deste ano, dos casos de feminicídio em 12 estados do país - o caso paranaense, porém, não estava incluso. Nesse período, o número de feminicídios subiu de 117 para 143.

O assunto, inclusive, foi abordado no último domingo em reportagem do Fantástico, da Globo. Na ocasião, Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP, explicou que a pandemia não criou essa situação repentinamente. Na verdade, apenas agravou o quadro de violência ao qual essas mulheres já estavam sujeitas.

Ainda segundo o relatório, o estado em que se observa o agravamento mais crítico é o Acre, onde o aumento foi de 300%. Na região, o total de casos passou de um para quatro ao longo do bimestre. Também tiveram destaque negativo o Maranhão, com variação de 6 para 16 vítimas (166,7%), e Mato Grosso, que iniciou o bimestre com seis vítimas e o encerrou com 15 (150%). Os números caíram em apenas três estados: Espírito Santo (-50%), Rio de Janeiro (-55,6%) e Minas Gerais (-22,7%).

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