Suicídio entre crianças e adolescentes apresentam índices assustadores
14/09/2020 07:00 em Novidades

No mundo, uma pessoa a cada 40 segundos tira a própria vida: esse é o espantoso número de casos que resultam em 800 mil óbitos por suicídio todos os anos.

Entre pessoas de 15 a 29 anos de idade, essa é a segunda maior causa de morte conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). 

São números relevantes, que revelam uma problemática que levou a OMS a estabelecer um imperativo global sobre a prevenção do suicídio. Considerada como alta prioridade nos programas estipulados por cada país, o objetivo era reduzir as taxas em até 10% este ano, algo que não foi alcançado.

A direção apontada pelos índices é a contrária, especialmente entre a população de crianças e adolescentes brasileiros. Um estudo realizado nas grandes cidades brasileiras revelou que a taxa de suicídio nesta faixa etária teve um aumento de 24% entre 2006 e 2015. 

Entre as pessoas de 10 e 19 anos, foram registradas 48.204 ocorrências de 2011 a 2016, sendo que 25,9% dos casos registrados entre o sexo feminino e 19,6% entre o sexo masculino.  

Motivos, prevenção e consequências

Conforme o ensaio “Care for families after suicide loss: nursing academic experience”< publicado no ano de 2018, não restam dúvidas de que a morte por suicídio impacta emocionalmente tanto as famílias como os profissionais de saúde vinculados à pessoa falecida e até a sociedade como um todo. A experiência é percebida como trágica, tanto pela conjuntura da morte, como pelos sentimentos ambíguos que pode despertar nos enlutados, como vergonha, raiva, dor e saudade, ainda mais quando se trata de crianças e adolescentes. Afinal, como pode uma criança atentar contra a própria vida? Por que os sonhos deram lugar ao desejo de morrer?

Os motivos são muitos, e vão desde a impulsividade até isolamento social, insatisfação com imagem corporal, presença de transtornos mentais, jogos de asfixia, desentendimentos com colegas, bullying, influência das mídias digitais, ruptura de relacionamentos afetivos, mau desempenho escolar, estrutura e funcionamento familiar prejudicados e histórico familiar de depressão e suicídio. Todos esse são apontados como fatores de risco para o comportamento suicida na infância e na adolescência. Também, em nosso país, foi destacado recentemente que indicadores socioeconômicos, como desigualdade social e desemprego, são determinantes para o risco de suicídio entre adolescentes.

Outra questão importante em relação ao perfil de óbitos por suicídio no Brasil, no período de 2011 a 2015, são meios mais utilizados. Conforme um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde,  o enforcamento, a intoxicação exógena e o disparo por armas de fogo são os principais. Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde enfatiza que a restrição do acesso aos meios que o indivíduo pode utilizar para cometer suicídio, como agrotóxicos, pesticidas e armas, se constitui importante estratégia de prevenção.

Ainda referindo sobre políticas públicas, no ano passado foi publicada a Lei 13.819/2019,que institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Com isso, é torna-se obrigatória uma notificação compulsória de casos suspeitos ou confirmados de violência autoprovocada, que deve ser realizada pelos estabelecimentos de saúde às autoridades sanitárias e pelos estabelecimentos de ensino ao Conselho Tutelar. 

É importante lembrar a todos que as famílias, ainda que desestruturadas, não devem ser julgadas ou responsabilizadas pelo suicídio. Ao contrário, elas necessitam ainda mais de cuidados profissionais e ajuda emocional. Por isso, se algum conhecido passar pelo problema de perder uma criança ou adolescente pelo suicídio, ofereça apoio ao invés de apontar o dedo.  

Diante de números tão grandes e crescentes mesmo com tantos esforços para solucionar o problema, é fundamental que profissionais de saúde, pais e educadores fiquem atentos aos sinais, protegendo adolescentes e jovens deste risco.

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