Na pandemia, Paraná registra queda de 61% no número de cirurgias eletivas
02/06/2021 07:00 em Novidades

Com o recente agravamento da crise pandêmica no Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) publicou no último dia 25 uma resolução suspendendo a realização de procedimentos cirúrgicos eletivos hospitalares por 30 dias. A medida, necessária por causa da escassez de medicamentos anestésicos e relaxantes musculares, deve fazer aumentar ainda mais as filas de pacientes necessitando de procedimentos.

Conforme dados do Ministério da Saúde, em um ano de pandemia o número de procedimentos cirúrgicos eletivos realizados no Paraná teve uma queda de 61,49%, passando de 161.007 cirurgias realizadas entre abril de 2019 e março de 2020 para 61.997 no mesmo período entre 2020 e 2021.

A queda no estado foi mais significativa do que a verificada a nível nacional, de 48,8%, mas fica atrás da redução no número de procedimentos realizados em Curitiba, de 67,47%. No Brasil, foram feitas 1.069.081 cirurgias entre 2020 e 2021, ante 2.087.851 entre 2019 e 2020. Na capital paranaense, foram realizados 17.419 procedimentos entre abril de 2020 e março de 2021, contra 53.544 no período anterior.

Por meio do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), do Ministério da Saúde, o Bem Paraná levantou também quais os tipos de procedimentos cirúrgicos eletivos que tiveram maior redução entre abril de 2020 e março de 2021 no Paraná, em comparação com o período anterior. E o resultado mostra redução nos 16 subgrupos pesquisados, com valores que variam de -8,4% até -81,68%.

A menor redução foi verificada entre as cirurgias em oncologia, que sempre estiveram autorizadas a acontecer ao longo da pandemia. As maiores reduções, por outro lado, foram verificadas entre as cirurgias bucomaxilofaciais (que tratam doenças ou lesões da cavidade bucal, rosto, maxilar e região da face), com queda de 81,68% (de 546 procedimentos num ano caiu pra 100 no outro) e as cirurgias do aparelho digestivo, órgãos anexos e parede abdominal, com -81,10% (de 39.939 cirugias num ano caiu para 7.549 no outro).

 

Quatro suspensões por falta de remédios e de leitos hospitalares

A expressiva redução no número de cirurgias eletivas realizadas tem relação direta com a emergência sanitária provocada pelo novo coronavírus, embora o Estado tenha sempre salvaguardado os procedimentos de cardiologia, oncologia e nefrologia, além daqueles que o médico considerasse de urgência ou emergência.

A primeira suspensão das cirurgias eletivas ocorreu em 24 de julho do ano passado, afetando a realização de procedimentos que necessitassem de internação hospitalar e/ou a utilização de drogas de anestesia geral ou relaxantes musculares. A medida vigorou quase um mês e foi sendo flexibilizada aos poucos: em 21 de agosto, a suspensão dos procedimentos eletivos deixou de ser obrigatória, embora ainda recomendada; e em 14 de setembro hospitais privados que não faziam parte do enfrentamento à Covid-19 foram autorizados a realizarem quaisquer procedimentos cirúrgicos eletivos hospitalares.

Já no final de novembro, dia 26, o crescimento agudo de infecções pelo novo coronavírus e a elevação na ocupação dos leitos de UTI e enfermaria fizeram a Sesa suspender novamente as cirurgias eletivas por um mês. Outra suspensão aconteceria ainda em 26 de fevereiro deste ano, com flexibilizações em 31 de março (autorização para procedimentos que não demandassem medicamentos de bloqueio anestésico endovenoso) e 30 de abril (permissão para cirurgias que não demandassem internação em UTI no pós-operatório, daqueles pacientes que, a critério médico, poderiam agravar sua condição caso tivessem que esperar).

Por fim, no último dia 25 veio a Resolução Nº 500/2021, que entrou em vigor no dia seguinte e, mais uma vez, suspendeu temporariamente (por 30 dias, passíveis de prorrogação) a realização de procedimentos cirúrgicos eletivos em toda a rede hospitalar do estado.

 
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